Famílias perdem móveis e roupas com enchentes em Piracicaba

16/01/2016 17:50

A situação continua crítica em alguns bairros de Piracicaba (SP), principalmente nos bairros IAA, Vila Rios, Bongue e região da Rua do Porto, principal ponto de turismo do município. Durante a semana, a ME percorreu ruas do complexo turísitico e ouviu relatos de moradores e comerciantes assustados com os dois extravasamentos do rio Piracicaba. Segundo a Defesa Civil, mais de dez famílias foram retiradas das casas e levadas para o Centro Comunitário do Santa Terezinha ou casa de familiares. Às 17h30, deste sábado (16), o rio Piracicaba permaneceu com 6,24 metros de profundidade e o Corumbataí atingiu 4,55 metros.

O segundo extravasamento ocorreu na madrugada de sexta-feira (15), dia em que o manancial atingiu seis metros de profundidade, por volta das 19h30, segundo dados da rede de telemetria do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). No mesmo horário a vazão do rio era de 824 mil litros por segundo. A casa de Maria Cristina dos Santos, moradora da região da Rua do Porto, há 54 anos, foi atingida pela enchente. "Sempre levei enchentes assim. Em 2011 perdi tudo, não deu tempo. Quando acontece isso, levantamos os móveis ou tiramos, e colocamos no barracão da Irmandade do Divino. Estou muito nervosa, não sei nem que horas que começou a entrar água", disse. 

Neste sábado, a reportagem da Matéria Emplacada percorreu os bairros Vila Rios e IAA, na região de Santa Terezinha, que foram atingidos pelas águas do rio Corumbataí. No IAA, muitas ruas não são asfaltadas, o que gerou muita lama. "Ontem, às dez da noite, quando olhei, tinha água na frente e no fundo da minha casa. Perdi muita coisa, a lama tive que tirar com enxada, sem contar os peixes mortos que apareceram", disse a dona de casa Madalena Flor."Quem me avisou dos alagamentos foi minha irmã, que me ligou. A Defesa Civil não veio ajudar", disse. 

Já na Vila Rios, a água atingiu residências e muitos animais peçonhentos apareceram, alguns estavam mortos. Na rua Benedito Sydney Novolette, todas as casas foram atingidas pelo manancial. O acesso são feitos por meio de barcos. Em uma residência, no final da rua, um morador colocou faixa com pedido de ajuda.

Morador há cinco meses no local, Gabriel Aparecido Caetano disse que está preocupado e insatisfeito com o local. "Hoje perdi geladeira e fogão", relatou. O soldador Volnei Aparecido da Costa, mora no local desde 2011, quando ocorreu o último alagamento. Costa afirmou que, devido as enchentes, não consegue trabalhar há três dias. "Entramos só para dormir. como minha casa é sobrado, coloquei os móveis para cima", disse.

A esposa do soldador também reclamou da segurança do local. "Queremos policiais para ter a segurança a noite. Já roubaram uma casa aqui. Não temos assitência nenhuma", afirmou Jacqueline Acelino. Ela relatou também: "a  imobiliária não disse que enchia aqui. Queremos que nos realoque, pode ser em qualquer lugar, menos aqui". 

"A única ajuda que tivemos foi de um caminhão que veio para tirar a mudança. Mas teve pessoas que tiveram que pagar para tirar", disse Hevelin Renata Bispo.

A reportagem teve acesso em uma residência do bairro, que também foi atingida. Mesmo sem água no interior,ainda possui muita sujeira, lama e odor muito forte. Até um peixe vivo foi encontrado pela ME. "Trabalhei para conquistar e perdi tudo. Não deu para salvar nada", lamentou o soldador Vagner Alexandre Bispo. "Temos os móveis há pouco tempo. Acabei de pagar a cama. Meu sapato estava na rua", disse Bispo. Era possível encontrar muitos caramujos africanos e aranhas.

Durante a semana, a prefeitura informou, por meio de notas, que a Defesa Civil acompanha o nível pluviométrico da região. "Em alguns locais, por causa, da rapidez com que os rios subiram, não foi possível chegar coms os caminhões e equipes a tempo de fazer a retirada das famílias", disse a administração. Algumas avenidas do município estão interditadas devido aos alagamentos. 

Conforme dados do DAEE, para que o rio Piracicaba entre estado de atenção o nível do manancial atinja os 3,20 metros. Se o nível da água subir para 3,70 metros é considerado estado de alerta. O rio entra em emergência caso ultrapasse os 4,20 metros. É considerado extravasamento se o Piracicaba atingir 4,70 metros.

Trânsito impedido

De acordo com a Semuttran (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes) as avenidas Doutor Paulo de Moraes, na rotatória de acesso à ponte do Morato sentido Vila Rezende; Beira Rio, a partir da rua Prudente de Moraes; os dois sentidos da avenida Jaime Pereira, da rua dos Marins até a Ponte do Caixão; e a Cruzeiro do Sul em frente a rampa dos Navegantes estão bloqueada. Ainda conforme a Pasta, a avenida Barão de Serra Negra, na chegada à ponte do Mirante o trânsito afunila para uma única pista por causa de obras do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) com o rompimento de uma adutora.

 

Reportagem: Reinaldo Diniz/ME

Fotos: Reinaldo Diniz/ME