A Banda Mais Bonita da Cidade sobe ao palco do Sesi Piracicaba no sábado

25/04/2016 08:27

O grupo curitibano "A Banda Mais Bonita da Cidade" foi criado em 2009, mas teve seu auge em 2011 com o vídeo da música “Oração”, que foi visto por mais de 5 milhões de pessoas na internet em apenas três semanas após o lançamento.

“Não tínhamos nenhuma pretensão dessas coisas acontecerem”, afirmou, ao Matéria Emplacada, a vocalista Uyara Torrente, que retorna com o grupo neste sábado (30), às 20h, em Piracicaba (SP), para promover o lançamento do DVD “Ao vivo no Cine Jóia”. O show ocorre no Teatro do Sesi e a apresentação é gratuita.

Com um trabalho totalmente independente, integram a banda o guitarrista Thiago Ramalho, o tecladista Vinícius Nisi, o baixista Marano e o baterista Luís Bourscheidt.

Segundo Uyara, a ideia de seguir um trabalho independente tem os prós e contras. “Acabamos perdendo oportunidades por conta da nossa escolha, mas por outro lado ganhamos em autonomia e em compreender com mais clareza e dentro do nosso processo o que queríamos sonoramente”, disse.

Para a gravação do primeiro disco, o grupo adotou um sistema de financiamento coletivo. Conforme explicou a vocalista, houve a preocupação em não atingir o valor esperado. “Por mais que tivesse medo, fiquei muito otimista”, lembrou. Na conversa,  ela falou sobre o trabalho, a independência do grupo e as passagens por terras piracicabanas. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Matéria Emplacada: Como surgiu o nome da banda? 

Uyara Torrente: O nome foi inspirado no livro de Charles Bukowski que se chama “A Mulher Mais Linda da Cidade”. Achávamos esse nome curioso e despertava a curiosidade em saber quem era essa mulher, e colocar o nome de “A Banda Mais Bonita da Cidade” podia, também, gerar esse tipo de curiosidade, então achamos divertido.

ME: Como é o processo de pesquisa para as composições? 

UT: Eu faço uma grande pesquisa de repertório com o que outros artistas produzem hoje, tentando conhecer cada vez mais bandas independentes, tento entender o que está acontecendo neste momento da nossa música. Outro ponto legal é que de alguma maneira as pessoas também me mandam músicas.

ME: O grupo tem a mesma influência ou cada um tem o seu próprio gosto?

UT: Somos pessoas com formações e histórias de vida diferentes, então, cada um tem sua referencia especifica, obviamente, algumas coisas se cruzam. Por exemplo, The Beatles é uma banda que todo mundo ama, mas  no meu caso tive uma criação hippie, com a música brasileira, de raiz. No caso dos meninos, cada um teve sua formação, e acho que na banda é o lugar que misturamos todas essas referências.

ME: São sete anos de estrada, com três discos e um DVD. Qual ou quais momentos você destaca que foram importantes para que a banda continuasse ?

UT: Foram os momentos que questionamos se estávamos felizes cantando ou não. Porque ás vezes entramos em algum lugar de correria, repetição e acabamos afastando do nosso trabalho, que é quando começamos a ficar infelizes, então temos que perguntar o porque não estamos mais animados, que maneira encontramos esse ânimo, e são as respostas que nos fazem continuarmos. Temo que estar em coerência com isso.

ME: A banda tem um trabalho independente. Foi uma escolha dos integrantes ou você acredita que falta uma gravadora interessada em investí-los?

UT: Na verdade já tivemos uma procura bastante grande de gravadoras, especialmente na época de estouro do vídeo (da música) “Oração”, naquele momento preferimos seguir de uma maneira independente, acho que isso tem um lado bom e ruim, sendo que acabamos perdendo oportunidades por conta da nossa escolha, mas por outro lado ganhamos em autonomia e em compreender com mais clareza e dentro do nosso processo o que queríamos sonoramente. Ninguém é contra uma gravadora, achamos que as coisas que apareceram até então, não eram interessantes e suficientes para largarmos o nosso trabalho nas mãos dessas propostas. Mas se aparecer uma proposta que sentimos segurança para fazer, aceitaremos.

ME: Quais os benefícios e dificuldades em ser uma banda independente no cenário musical atual?

UT: Vários para os dois.  Acho que o benefício é total autonomia do trabalho, não só autonomia criativa, mas também de tudo o que está acontecendo, desde o papo que tivemos com o compositor até os produtos da lojinha. É legal ter autonomia sobre essas coisas. E a parte difícil é também estar envolvido com tudo isso, porque ao mesmo tempo em que isso é importante, que é bom, chega uma hora que acaba exigindo bastante da gente, e me lembro disso no processo do DVD, que por muito tempo fiquei empenhada com a parte de produção e a parte artística ficou de lado. É difícil equilibrar. E tem a questão do dinheiro que sempre é limitado. Quando é difícil é difícil, mas quando é bom é muito bom.

ME: Como você avalia a música brasileira atual?

UT: Olha, eu não estou em muito rolê com a televisão, que nem tenho, e rádio, que ouço muito pouco. Então, só ouço no que vou atrás, bandas que estão no nosso rolê, como por exemplo, “Baleia” que é uma banda que do Rio (de Janeiro) que amamos, Yan Ramil, que é um cara f.....Sinto que tem muitas coisas acontecendo, não só bandas, mas como artistas muitos novos que fazem coisas incríveis. É um momento que temos espaços para as bandas independentes, vivemos um momento muito bom. Não sei na grande indústria.

ME: O clipe da música “Oração” foi visto por mais de 18 milhões de pessoas na internet. Na semana de lançamento teve um número alto de visualizações. Foi uma surpresa?

UT: Obviamente foi uma surpresa, acho que nem se a gente esperasse uma grande coisa, a gente teria esperado tanto. Mas o fato é que não tínhamos nenhuma pretensão dessas coisas acontecerem, era tudo muito assim: “vamos fazer essas coisas porque a gente acabou de criar uma banda e queremos nos divertir, para eternizar esse momento nas nossas vidas e queremos os amigos por perto”. Entramos nessa ‘vibe de fazer coisas para se divertir, somos meio ‘ripongas’. Essa vida está aqui e temos que aproveitar, então gravamos o vídeo e aconteceu o que aconteceu.

ME: Para a gravação do primeiro disco, o grupo adotou um sistema de financiamento coletivo. Houve a preocupação em não atingir o valor estimado?  Havia alternativa caso não conseguissem?

UT: Sempre tem o medo de não atingir a meta. E se não conseguisse sei lá o que iríamos fazer, ou investiria no que faltasse ou...sei lá. Porque não aconteceu, não me lembro de ter um plano B. Tinha o medo tanto no primeiro disco, quanto no financiamento coletivo do DVD. Por mais que tivesse medo, fiquei muito otimista, e as duas deram certo.

ME: No dia 30 de abril, vocês, novamente, sobem ao palco em Piracicaba. O que adianta sobre o show? Como será o repertório?

UT: É super legal voltar para Piracicaba. O show terá um repertório muito parecido com nosso DVD, com o que estamos lançando agora, acho que será muito legal.

ME: Ano passado vocês se apresentaram na Virada Cultural Paulista. Foi a primeira vez na cidade? Como foi recepção do público piracicabano?

UT: Foi muito especial, teve um palcão, uma galera, foi um show super gostoso. Tivemos a participação dos meninos da “Dona Zaíra”, que são amigos queridos, participaram também a galera dos “Moveis Coloniais de Acaju”, que cantaram na mesma noite. É essa vibe que a gente guarda, chegaremos aí em Piracicaba com a expectativa de ser bem legal como foi na Virada.

ME: Projetos para o ano de 2016?

UT: Acabamos de lançar nosso primeiro DVD e estamos gravando um disco novo, e estou muito ansiosa para botar no mundo logo.

 

Serviço – Show A Banda Mais Bonita da idade. Dia 30/04, às 20h, no Sesi Piracicaba (rua Luiz Ralf Benatti, 600 - Vila Industrial, Piracicaba (SP)). Ingressos: Reservas antecipadas no www.sesisp.org.br/meu-sesi, a partir das 12h de 25/04. No dia do show serão disponibilizadas as desistências no local. Gratuito.

 

Reportagem: Reinaldo Diniz/ME

Foto: Divulgação/Breno Galtier